Vacinas do SUS x Particular: Existem diferenças?

A vacinação é um dos maiores avanços da medicina moderna, protegendo milhões de pessoas contra doenças graves. No Brasil, existem dois principais calendários de imunização: o do Sistema Único de Saúde (SUS), baseado no Programa Nacional de Imunização (PNI), e o das clínicas particulares, que segue as recomendações da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIM). Ambos têm como objetivo principal garantir a proteção contra doenças, mas apresentam algumas diferenças.

Antes de falarmos sobre essas diferenças, é essencial reforçar uma semelhança: todas as vacinas aplicadas no Brasil, sejam da rede pública ou privada, são aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e são seguras e eficazes.

Principais diferenças entre vacinas do SUS e da rede privada:

O SUS opta por vacinas que garantem ampla cobertura populacional e prioriza opções mais custo-efetivas. Em contrapartida, na rede privada, algumas vacinas são mais abrangentes, protegendo contra um maior número de sorotipos de vírus e bactérias.

  • Vacina pneumocócica: No SUS, é oferecida a Pneumo 10, que protege contra 10 sorotipos da bactéria pneumococo. Existe no CRIE a opção de dar a Pneumo 13, mas apenas para grupos especiais de pacientes, como prematuros extremos.  Na rede privada, está disponível a Pneumo 13, que cobre 13 sorotipos, a Pneumo 15 (protege contra 15 tipos de pneumococo) e mais recentemente a Pneumo 20, que protege contra 20 tipos de pneumococos. Nesse ponto, o número de doses e a cobertura contra agentes infecciosos é maior quando optado pelo esquema particular, mas é possível aplicar dose de reforço com vacinas mais abrangentes mesmo fazendo o esquema do SUS. As vacinas pneumococicas são intercambiáveis. Isso significa que você pode começar o esquema com a Pneumo 10 ou 13  e complementar com outra de maior cobertura (Pneumo 15 ou 20). Existe também a vacina Pneumo 23, que é diferente das vacinas que eu já citei. Essa vacina é contraindicada para bebês, é só deve ser utilizada para crianças com mais de 2 anos, adolescentes e adultos com comorbidades e com risco aumentado para doença pneumocócica.

  • Vacina contra Rotavírus: O SUS oferece a vacina monovalente, que tem proteção contra um sorogrupo do vírus, enquanto a vacina privada é a pentavalente, que protege contra cinco. Recentemente tivemos atualização sobre o tempo em que pode ser administrada. A primeira dose deve ser dada aos 2 meses, podendo ser administrada a partir de 1 mês e 15 dias até 11 meses e 29 dias. A segunda dose deve ser dada aos 4 meses de idade, podendo ser administrada a partir de 3 meses e 15 dias até 23 meses e 29 dias. Essa vacina não pode ser administrada em ambiente hospitalar por ser uma vacina de vírus atenuado, portanto, essa atualização permitiu ampliar a proteção para mais bebês, principalmente aqueles que têm internação prolongada ao nascimento.

  • Vacina da gripe (Influenza): No SUS, a vacina é a Trivalente (proteção contra três cepas do vírus, sendo duas de Influenza A e uma de Influenza B). Na rede privada, há também a Quadrivalente, que protege contra quatro cepas (2 Influenza A e 2 Influenza tipo B).

  • Vacina meningocócica: O SUS oferece proteção contra o sorogrupo C aos 3 e 5 meses. Na rede privada, há as vacinas ACWY (proteção contra os sorogrupos A, C, W e Y) e a Meningocócica B, que devem ser dadas aos 3 e 5 meses, com reforço aos 12 meses. 

 Número de doses e combinação de vacinas

A rede privada oferece algumas vacinas conjugadas, o que reduz o número de injeções necessárias.

  • Hexavalente: Disponível na rede privada, combina seis imunizantes em uma única dose: DTPa (tríplice bacteriana acelular), VIP (poliomielite inativada), hepatite B (HB) e Haemophilus influenzae tipo b (Hib).
  • Pentavalente acelular: Tem menos reações adversas em relação à Pentavalente oferecida no SUS.

Reações adversas

Qualquer vacina pode ter como reação adversa mais comumente dor e vermelhidão no local da aplicação, além de febre e irritabilidade. As vacinas que mais dão essas reações são as Pneumocócicas, Meningocócica B e Pentavalente celular oferecida no SUS.

E a vacinação dos prematuros?

Os bebês prematuros precisam de atenção especial no calendário vacinal. O SUS oferece algumas diferenças para esse grupo:

  • Vacinas acelulares nos CRIES: Prematuros com menos de 1kg ou menos de 31 semanas, além dos internados, têm direito às vacinas acelulares Penta ou Hexavalente, que apresentam menos efeitos adversos.
  • Palivizumabe: Protege contra o vírus sincicial respiratório (VSR), disponível no SUS para alguns bebês prematuros com critérios específicos.
  • Nirsevimabe: anticorpo monoclonal contra o VSR, administrado em dose única em bebês de 0 a 12 meses. Foi incorporado ao SUS pela CONITEC em 2025, e possivelmente substituirá o Palivizumabe nas próximas sazonalidades do VSR.

Caso você tenha um bebê prematuro ou queira saber mais sobre vacinação específica para eles, tenho um texto especial sobre o assunto. Clique aqui para acessá-lo!

Entretanto, algumas vacinas importantes para prematuros não estão na rede pública, como:

  • Pneumocócica 13, 15 ou 20
  • Rotavírus pentavalente
  • Meningocócica ACWY
  • Meningocócica B
  • Pentavalente acelular ou Hexavalente
  • Influenza tetravalente

Se possível, investir nessas vacinas na rede privada pode garantir uma proteção ainda mais completa.

Como escolher a melhor opção para seu filho?

A decisão entre vacinar pelo SUS ou pela rede privada depende de diversos fatores, como disponibilidade financeira e acesso às vacinas.

  • 100% SUS: Seguir exclusivamente o calendário da rede pública é seguro e eficaz. Eu recomendo deixar o calendário de vacinas da criança com todas as doses completas. 
  • SUS + Particular: Complementar a proteção com algumas vacinas exclusivas da rede privada também pode ser uma opção muito boa para garantir a proteção aos pequenos.
  • 100% Particular: alguns convênios cobrem e alguns pais optam apenas pelo calendário recomendado pela SBIM. Eu considero um investimento na saúde. 

O mais importante é garantir que a imunização ocorra! O mundo sem vacinas era um mundo onde vidas foram drasticamente modificadas por doenças graves. A vacinação protege não apenas o indivíduo, mas toda a sociedade.

Caso você esteja gestante ou tenha um bebê, procure um atendimento individualizado, humanizado e especializado para escolher as melhores opções de vacinação. Você pode ter mais informações clicando aqui. 

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Independente da escolha, vacinar é um ato de amor e proteção. Um abraço carinhoso e até o próximo texto!

Dra. Jessica Soares⠀

Pediatra e Neonatologista⠀

CRM-SP 126.429 | RQE 60.897

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