Todos os anos, a bronquiolite é um dos assuntos mais discutidos entre os pais e profissionais da saúde em determinada época do ano. Essa infecção respiratória, que afeta principalmente bebês e crianças pequenas, pode assustar, mas entender seus sintomas, causas e formas de prevenção é essencial para garantir o bem-estar dos pequenos.
E agora, a boa notícia: novas opções de prevenção chegaram ao Brasil! Além do tradicional palivizumabe, já utilizado para bebês prematuros e grupos de risco, temos dois novos imunizantes no mercado: Beyfortus (nirsevimabe) e Abrysvo (vacina materna contra o VSR).
Mas antes de falarmos sobre as vacinas, vamos entender melhor o que é a bronquiolite.
O que é a bronquiolite?
A bronquiolite é uma infecção viral que causa inflamação e obstrução dos bronquíolos – as menores vias aéreas dos pulmões. Isso dificulta a passagem do ar, resultando em sintomas como tosse, chiado no peito e dificuldade para respirar.
A doença é mais comum em crianças com menos de dois anos, sendo que os bebês entre zero a seis meses de idade são os mais afetados. O maior número de casos acontece durante os meses mais frios do ano, como maio a junho.
O que causa a bronquiolite?
Na maioria dos casos, a bronquiolite é provocada por vírus, sendo o mais comum o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). Outros vírus, como o rinovírus (causador do resfriado comum), a influenza (vírus da gripe) e o parainfluenza, também podem desencadear a doença.
O VSR apresenta um período de maior circulação, chamado de sazonalidade. Nesse período, há um aumento do número de casos em todo o país. Na região Norte, por exemplo, a sazonalidade do VSR é de fevereiro a junho. Nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, o VSR circula mais de março a julho. E na região Sul, de abril a agosto.
O contato com pessoas infectadas, especialmente adultos e crianças mais velhas com resfriados leves, pode transmitir o vírus para bebês, que são mais vulneráveis às complicações. Além disso, fatores como exposição ao cigarro, nascimento prematuro e doenças pulmonares ou cardíacas pré-existentes podem aumentar o risco e a gravidade da bronquiolite.
Sintomas da bronquiolite
Os primeiros sinais podem parecer um resfriado comum:
- Coriza
- Espirros
- Febre baixa
- Tosse leve
Mas, com a progressão da infecção, que ocorre por volta do terceiro dia de doença, surgem sintomas mais graves:
- Respiração acelerada e superficial
- Chiado no peito
- Esforço para respirar (uso da musculatura do pescoço e das costelas)
- Dificuldade para se alimentar e ingerir líquidos
- Cansaço excessivo ou irritabilidade
- Ponta dos dedos e lábios azulados (cianose, indicando falta de oxigênio)
Se esses sinais aparecerem, é essencial buscar atendimento médico de urgência.
Por que os bebês prematuros têm tanta relevância nesse cenário?
Os bebês que nascem com menos de 37 semanas têm maior imaturidade do sistema imunológico, o que dificulta a resposta do organismo para o controle da infecção. Além disso, seu sistema respiratório também é mais imaturo, o que predispõe a ter uma doença pulmonar mais agravada, principalmente se já tiver a doença pulmonar crônica da prematuridade.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da bronquiolite é clínico, ou seja, baseado na avaliação dos sintomas e no exame físico feito pelo médico. Em alguns casos, exames complementares, como oximetria de pulso (para medir os níveis de oxigênio no sangue) e raio-X do tórax, podem ser solicitados para avaliar a gravidade da doença.
Qual é o tratamento para bronquiolite?
Não existe um medicamento específico para curar a bronquiolite, pois se trata de uma infecção viral. O tratamento é baseado no alívio dos sintomas e no suporte à criança durante o período da doença.
Em casos leves, os cuidados podem ser feitos em casa, garantindo:
- Hidratação adequada (oferecendo líquidos com mais frequência)
- Uso de soro fisiológico para desobstrução nasal
- Fisioterapia respiratória
- Monitoramento da respiração e sinais de alerta
Nos casos mais graves, pode ser necessária a hospitalização para suporte com oxigênio e hidratação intravenosa.
Como prevenir a bronquiolite?
A melhor forma de prevenção é evitar o contato da criança com pessoas doentes e manter bons hábitos de higiene, como:
- Lavar as mãos frequentemente
- Evitar exposição a pessoas com sintomas gripais
- Não expor a criança ao cigarro ou ambientes poluídos
- Limpar e desinfectar brinquedos e superfícies de uso comum
- Evitar visitas e ambientes com aglomeração de pessoas
Quais são as opções de prevenção contra o VSR?
A melhor forma de reduzir os casos graves de bronquiolite é a prevenção. Até pouco tempo, o único imunizante disponível era o palivizumabe, indicado apenas para um grupo de bebês prematuros ou com condições médicas que aumentam o risco de complicações. Agora, com a chegada de Beyfortus e Abrysvo, mais bebês podem ser protegidos.
Palivizumabe
O palivizumabe é um anticorpo monoclonal administrado por meio de injeções mensais durante a temporada de circulação do VSR. Ele é indicado para bebês prematuros com menos de 29 semanas no primeiro ano de vida, crianças com doenças cardíacas congênitas e displasia broncopulmonar até 24 meses.
Embora eficaz, sua aplicação é restrita a grupos específicos devido ao custo elevado e à necessidade de múltiplas doses.
Beyfortus (Nirsevimabe)
O Beyfortus é um anticorpo monoclonal de longa duração que oferece proteção contra o VSR com apenas uma dose por temporada. Ele é indicado para todos os bebês com menos de um ano, independentemente de prematuridade ou doenças pré-existentes, e deve ser dado 1 mês antes do início da sazonalidade do VSR. De 1 a 2 anos, a indicação é para bebês com complicações pulmonares da prematuridade, cardiopatia congênita ou outras condições que predispõem a quadro respiratório de maior gravidade.
Diferente do palivizumabe, que exige doses mensais, o Beyfortus atua como um escudo temporário, protegendo os bebês durante o período de maior circulação do vírus. Estudos clínicos mostraram que ele reduz em até 80% as hospitalizações por VSR.
Abrysvo
O Abrysvo é uma vacina aplicada na gestante, estimulando a produção de anticorpos que são transferidos para o bebê ainda no útero, desde que aplicada pelo menos 14 dias antes do nascimento do bebê. Com isso, o recém-nascido já nasce protegido e mantém essa proteção contra o VSR nos primeiros meses de vida, reduzindo a necessidade de hospitalização por infecção respiratória grave.
A vacina é recomendada para gestantes entre 32 e 36 semanas de gestação e oferece proteção passiva ao bebê por até seis meses após o nascimento.
A bronquiolite pode ser uma doença preocupante, mas com os avanços na prevenção, é possível reduzir significativamente os casos graves. O palivizumabe continua sendo uma opção para bebês prematuros e com fatores de risco, enquanto o Beyfortus oferece proteção para todos os recém-nascidos e o Abrysvo permite que os bebês já nasçam com imunidade adquirida pela vacinação materna.
Se você tem um bebê ou está grávida, converse com o pediatra sobre essas novas opções de prevenção. Esse ainda é o melhor caminho para garantir a saúde dos pequenos.
Caso você esteja gestante ou tenha um bebê, procure um atendimento individualizado, humanizado e especializado para escolher as melhores opções de vacinação. Você pode ter mais informações clicando aqui.
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Independente da escolha, vacinar é um ato de amor e proteção. Um abraço carinhoso e até o próximo texto!